24 março 2014

INTERESSANTE !!!


SORRABADORES
 
A confusão foi das grandes na casa de Palito, depois de não sei quantas grades de cerveja. E começou quando o chefe de uma das famílias ali presente, Mario Neto, perguntou a Hipólito se ele não tinha vontade de abrir um comerciozinho...
 
O senhor me ajuda, perguntou Hipólito. Se o senhor me ajudar... Posso lhe ajudar, mas você tem que me ajudar também. Você vai dizer em todo canto que eu lhe ajudei, e tem que andar, nos dias de muito sol, com um guarda-sol daqueles grandes... Hipólito concordou, e perguntou quando Mario Neto acertava tudo. Depois do carnaval...
 
Elesbão, amigo de Hipólito, quando viu o amigo de papo com Mario Neto, se aproximou, mas só ouviu a parte do guarda-sol. Elesbão nem fez tanta força pra saber do amigo a história do guarda-sol, depois de tanta cerveja e cachaça, distribuída, como se dizia, à bambão...
 
E o olho de Elesbão cresceu, e ele não perdeu tempo. E tanto azogou Mario Neto que este resolveu atender Elesbão do mesmo jeito; e colocou a mesma condição, mudando apenas a última parte da promessa: Elesbão tinha que andar, quando o tempo se preparasse, com um guarda-chuva.
 
O leitor já está com um farnizim querendo saber sobre a tal confusão. A ela, a confusão.
Mario Neto chamou Elesbão e Hipólito num canto e disse que queria saber o que eles iam comerciar. Enquanto conversavam, os três posaram para uns meninos, que atendem pelo nome de blogueiros e se esbarravam, aos encontrões, para captar o melhor ângulo, com suas vistosas máquinas digitais de tirar retratos.
 
Bebida! Iriam comerciar com bebida alcoólica. O mandatário olhou para os dois e disse: Ainda bem. Pensei que era água, ou gás... Já escolheram o local? Sim, responderam. E o nome do bar?
 
“Bar Julador”, responderam Hipólito e Elesbão ao mesmo tempo.
“Bar Julador”! O mesmo nome? Como é que pode? 
 
Elesbão acusou Hipólito de invejoso. Hipólito rebateu dizendo que desde 2010, 2011 vinha pensando em abrir um bar com esse nome.

 Mentira! Deixe de ser mentiroso!, reagiu Elesbão.
 
Paw! Foi o som que se ouviu quando Hipólito acertou a cara de Elesbão com um murro considerável. Quando a mão bateu o mocotó entrançou! 

 Enquanto Elesbão e Hipólito saíram pela calçada da casa de Palito, aos murros e pernadas, Mario Neto tratou de se esconder. A turma do deixa-disso parece que atrasou de propósito. A briga só acabou com a chegada de Joca Boré, um cara que eles muito consideravam.
Hipólito estava com os beiços cortados e Elesbão portava acima do olho direito um catombo do tamanho de uma laranja...Palito agradeceu a Joca Boré por ele ter resolvido a situação, acalmando os ânimos dos brigões...

  Pra que isso? Por causa de um nome de um bar? Vocês deveriam entrar num acordo, reclamou Joca Boré, enquanto puxava Mario Neto pelo braço...
Resfolegante, Elesbão disse que ia fazer um BO! Você me agriguiu!, atingiu a minha honra, disse Hipólito. Um homem não chama outro de mentiroso...
 
 
Nada de delegacia, nada de polícia. Afinal, estamos entre amigos, disse Joca Boré. Palito cedeu a casa dele só pra nos atender, com tanto gosto, e vocês querem ir parar na polícia... Vamos conversar e vamos fazer um acordo. Mario Neto balançava com a cabeça, concordando com as palavras de Joca Boré.
 
Pra não ter mais confusão, eu prometo que mando botar uma placa luminosa na frente do bar de vocês, prometeu Joca Boré. Hipólito e Elesbão sorriram quando Joca Boré falou na placa luminosa. E assentiram que sim. Joca Boré apontou pra Mario Neto e disse: agora decida aí... Mario Neto, olhando pra Joca Boré, disse que o nome “Bar Julador” ficaria com Elesbão, tá certo, Hipólito?
 
Hipólito concordou, coçando o catombo na testa. E o nome do meu bar?, perguntou.
Palito, que entende de nome de bar, foi rápido. Deixe comigo. Como eu não tenho mais bar, vou lhe dar um nome, que eu vinha guardando: “Bar Bão”.
Hipólito repetiu umas três ou quatro vezes o nome “Bar Bão”, e se conformou. Tá bom, tá bom, eu fico com o “Bar Bão”, resmungou.
 
“Bar Julador” é nome francês, né Palito, perguntou Mario Neto...
 
A farra não tinha terminado ainda, e Joca Boré junto com um amigo que vez ou outra o acompanha nessas farras gargalhavam com os nomes escolhidos...
E quando toca de chegar algum turista na cidade, sedento, procurando um bar para uma cervejinha, na ponta da língua os moradores informam os dois bares mais conhecidos da cidade: o “Bá Juladô” e o “Bá Bão”...

Um vereador até tentou aprovar uma lei para impedir a repetição de nomes de estabelecimentos comerciais na cidade, mas os seus pares rejeitaram a proposta.
O guarda-chuva e o guarda-sol é outra história...

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